terça-feira, maio 13, 2008

Não tem preço ...




“Nenhuma dor é tão mortal quanto a da luta para sermos nós mesmos.”



Tem momentos em nossas vidas que é inevitável esmorecermos, as dificuldades, os obstáculos que nos são impostos, o peso diário de ser mãe, pai, filha, irmã, amiga, namorada, companheira, confidente, profissional, estudante, mulher.
Cuidar dos outros e de nós mesmo exige disponibilidade e disposição para abrir-se como compartimentos e ir desempenhando tantas funções e emoções simultâneas.
O aprendizado humano é algo complexo e constante, a cada dia uma sementinha nova de conhecimento e sabedoria nos é oferecido.
O crescimento interno é um processo lento e amadurecer faz parte dessa linha de tempo.
No ciclo da vida tudo nasce, desenvolve, amadurece e por fim morre.
Assim como as plantas, as frutas, os seres vivos, somo parte do mesmo processo de
auto-identificação.
O amadurecimento é individual, depende de cada um, de como reagimos diante dos fatos e como administramos os sentimentos.
A maturidade traz o equilíbrio, e o equilíbrio oferece o bem estar, e é desse enriquecimento que me refiro.
Esse prazer de sentir-se bem com você mesmo, independente de estar ou não sozinho.
Do contrário que se pensa, amadurecimento não significa perder o brilho e o encanto por tudo que nos rodeia, muito pelo contrário, é justamente o oposto.
Quando descobrimos que a felicidade não é uma porta que abre e fecha quando as circunstâncias surgem, e sim um estado de espírito e um encontro com nosso eu mais profundo, tudo a nossa volta torna-se satisfatório e faz um sentido maior.
O tempo agora é respeitado com uma certa placidez, não há porque atropelar os acontecimentos, nem queimar as etapas que nos aguardam, já que aprendi que as coisas acontecem naturalmente e conviver com o bom e o mau que a vida nos reserva é o desafio que impulsiona a realizar nossos objetivos.
O sol sempre estará lá, encoberto ou não pelas nuvens, ele está lá, e a certeza de que na mesma proporção que os fatos desagradáveis e dolorosos nos atinge, compreendi que os bons momentos também acontecem.
O fascinante é descobrir que o que tanto procuro não mora fora, mas dentro.
A tentativa de encontrar harmonia em lugares, pessoas ou situações podem ser frustrantes, até percebermos que é tão mais simples quanto se imagina está tão próximo, e sempre esteve presente, é dentro de nós que encontramos o que projetamos no outro, o resto é conseqüência das nossas ações e reações.
É ter a consciência de que estamos tentando fazer sempre o melhor, distribuir boas energias e emanar vibrações positivas sempre retornam de maneira satisfatória.
O controle é nosso, somos nós que determinamos o que dizer, fazer e mudar, então a responsabilidade de cativar o que de melhor pode ser extraído de alguém é nossa.
Isso também significa abrir-se ao mundo em todos aspectos como pessoal, profissional, social e em como lidar com situações que não detemos o controle como lutos, rompimentos, decepções, crises e descobertas.
Aceitar que, falhamos, admitir os erros e se dispor a corrigi-los e se necessário for mudar, essa é a batalha diária.
Hoje consigo perceber com maior clareza como coisas pequenas que aborreciam, hoje não me atingem mais, incrível é poder rir de fatos que antes incomodavam, mas hoje simplesmente não me tiram do sério.
Apesar de ser alguém de temperamento forte, meu humor não se altera mais com tanta facilidade.
Não vivo mais de um extremo ao outro, nem me atormento com o que não vale a pena.
A paciência tem sido companheira.
Aprendi que a força está em mim e não do que espero de você.
Aprendi a respeitar minhas vontades, respeitar meu corpo, meu tempo, e assim não infrinjo os direitos alheios.
Aprendi que não há desgaste maior do que comprar briga com nós mesmo.
Aprendi que posso ser tolerante e piedosa sempre que for preciso, e que isso não custa nada.
Aprendi a ouvir a voz do silêncio e descobri a paz em momentos que nem imaginava.
Aprendi a escutar a minha respiração, a desacelerar meu mecanismo, a curtir coisas simples que fazem tão bem a alma.
Consigo sentir o cheiro do vento, o aroma da chuva, o calor da terra,
a beleza de tudo que me cerca, o sorriso de uma criança, o aceno de um idoso,
o beijo de boa noite dos meus pais, o abraço do meu irmão, o olhar do meu namorado, a gargalhada de um amigo, o gosto do bolo da vovó, o gelado do sorvete e a quentura do fondue, a harmonia da meditação, de um jeito que antes me escapava.
As turbulências podem me alcançar porque isso é inevitável, mas vão me encontrar mais serena e determinada.
É claro que ainda irei me stressar, sofrer, sentir dor, mas estou aprendendo a canalizar o que não me faz bem, e a me conectar com o que tenho de melhor.
E essa sensação maravilhosa de estar saboreando o que a vida pode presentear, não tem preço nem definição.
Então um dia percebemos que a opção de “ser” ou “estar” é apenas nossa, e escolher o caminho no qual iremos seguir determina todo o resto.


***