sábado, novembro 22, 2008

Violência infantil: A culpa é de quem?





Em tentativa de escrever sobre violência, nas primeiras premissas já me sentia exaurida de tantos fatos e casos desagradáveis de se recordar, mas infelizmente tão necessário para uma profunda reflexão, inevitável falar sobre o tema e não mergulhar em uma dor descomunal.
O tema violência é tão extenso que qualquer um poderia ficar questionando, exemplificando e justificando por horas, dias afim (assim em tom de “gerundismo” mesmo).
Mas o foco seria uma violência específica, que vem se alastrando feito uma nuvem de pragas.
A taxa de violência infantil tem atingido altos picos nos índices mundiais, uma proporção absurda de relapso e desamor.
Uma pesquisa do Departamento de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto indicou que os números de casos de violência são maiores que as estatísticas divulgadas por órgãos oficiais e atinge todas as camadas sociais sem distinção.
Muitos dos episódios de agressões não são denunciados e não chegam ao conhecimento das autoridades competentes, alguns casos são praticados por parentes e conhecidos o que denegri ainda mais a constituição chamada “família”.
Os casos que chegam ao conhecimento público, através da mídia e órgãos especializados são uma parcela de tantos outros que são abafados por lágrimas, covardia, medo e não refletem a realidade dos acontecimentos.
Abuso infantil é abominável, inaceitável e não deveria nem ser motivo de discussões e busca de soluções.
É dever dos adultos e responsáveis por cada criança cuidar, educar, proteger, amparar e dar segurança em quaisquer circunstâncias adversas, mas na prática o contexto é bem diferente do que consta nos estatutos e deveres morais.
O perigo às vezes mora mais perto do que se pode imaginar.
Todas as formas de abusos são intoleráveis, maltratos de todos os gêneros, seja ele físico, sexual, psicológico ou emocional o que caracteriza a negligência do adulto que tem a obrigação de zelar pelo bem-estar e integridade de suas crianças.
Mas e quando a ameça vem do desconhecido?
Como manter a sanidade quando algo acontece a essas crianças?
E como conviver com a impunidade?
São perguntas que não se tem respostas, pelo menos ainda.
É tão deprimente ver o futuro de uma nação ser submetido aos mais diversos crimes e descasos.
Diariamente são esfregados em nossas caras, acontecimentos inexplicáveis, tragédias e mais tragédias ceifam as esperanças e a vida de crianças que não pediram para existir e mereciam a garantia de um futuro seguro.
Crescer, brincar, estudar, fantasiar, sorrir, desejar é tudo o que eles esperam , e não serem arrancados do mundo que fazem parte com brutalidade, roubados de um futuro de possibilidades sem ao menos terem escolhas.
Onde vamos parar com tanta desgraça batendo em nossas portas?
Prisioneiros nos próprios lares, escolas, trabalhos...
Definitivamente o mundo está de cabeça para baixo, os valores se perdem nas esquinas da vida, os conceitos de virtudes são uma utopia, vivemos na era de uma geração destrutiva.
Contaminados de crueldade por todos os lados que se olha, de onde menos se espera, da forma que menos se imagina.
Crianças são atiradas de janelas como se fossem coisas, abandonadas em lixeiras, sarjetas, lagoas como objetos descartáveis, esganadas por mãos que deveriam proteger, massacradas sem piedade, assassinadas como animais no abate, envenenadas como ervas nocivas, queimadas como materiais tóxicos, violentadas e estupradas por monstros que se denominam seres humanos, humilhadas e subjugadas pelas mais diversas situações, onde tudo que esperam é carinho e acolhimento.
Todos os limites estão sendo ultrapassados, perdeu-se o respeito pela vida, compaixão, amor, crenças e todas essas virtudes que se luta para preservar em um ser humano.
A incredulidade se faz presente até que se prove o contrário.
Denunciar sempre, não feche os olhos, não tampe os ouvidos, não vire as costas, não se finja de desentendido, não aceite, não compactue de crimes que devastam milhões de vidas que dependem de nós.
Acorde, antes que seja tarde demais.
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sexta-feira, novembro 07, 2008

Então o que é ser DEMAIS???





















Pensar demais...
Querer demais...
Amar demais...
Odiar demais...
Sorrir demais...
Chorar demais...
Esperar demais...
Perguntar demais...
Sofrer demais...
Procurar demais...
Escolher demais...
Sonhar demais...
Buscar demais...
Desejar demais...
Fantasiar demais...
Mentir demais...
Esconder demais...
Preocupar demais...
Ignorar demais...
Cantar demais...
Dançar demais...
Cansar demais...
Gritar demais...
Exagerar demais...
Perturbar demais...
Esconder demais...
Comer demais...
Dormir demais...
Pedir demais...
Errar demais...
Criticar demais...
Julgar demais...
Trabalhar demais...
Beber demais...
Falar demais...
Ouvir demais...
Enxergar demais...
Insistir demais...
Voar demais...
Sentir demais...
Correr demais...
Doer demais...
Espiar demais...
Trocar demais...
Comprar demais...
Abusar demais...
Enlouquecer demais...
Brigar demais...
Tolerar demais...
Exigir demais...

Qual seria o limite entre o que se é ideal e o ser “demais”???
Existe um alarme que soa quando se ultrapassa essas barreiras???
As portas batem, quando se atravessa as fronteiras do demasiado???
Qual a ponte de partida e a hora da chegada???
Como se faz o equilíbrio das proporções???
E se acionar o “botão de auto-destruição”???
E quando se esgota as possibilidades???
Pode ser que tudo seja um “pequeno universo particular”,
ligeiramente surreal para uma simples compreensão.
O fato é que essas barreiras realmente existem no imaginário individual ou no coletivo,
Em alguma parte do caminho, nos deparamos com elas.
E aí, a escolha é o fator que determina todo o resto, você pode se esconder e até recuar, ou pode escolher ultrapassá-las mesmo que significa correr certos riscos, se deparar com o desconhecido pode ser bem interessante, a vista do outro lada pode definitivamente nos surpreender e nos trazer novas percepções, mas, a escolha é a chave de tudo, não basta desejar é imprescindível arriscar!






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sexta-feira, outubro 31, 2008

Simplesmente bruxas...





Quem disse que "BRUXAS" não existem??? Você tem certeza !?!?!?

Somos mulheres,
Louras, ruivas, morenas ou negras,
Somos grandes e somos pequenas;
Espertas, ligeiras, meninas faceiras;
Artistas, poetas, escritoras, dançarinas, loucas!!!
Temos forças ancestrais,
Somos modernas, antenadas com o mundo;
Amavéis, sinceras, amigas, decididas, impetuosas,
Somos rivais, e como todas, temos uma certa pitada de veneno na lingua...
Maliciosas, sexy, inteligentes quando o assunto é: SEDUÇÃO!
Enchergamos longe, muito mais longe do que qualquer simples mortal,
mais do que você possa imaginar...
Temos o que chamam por ai de: sexto sentido, o feeling.
E podem ter certeza, ele nunca erra!!!
Somos guerreiras, sonhadoras e justas.
Carregamos a doçura na alma, mas sabemos ser amargas se assim for necessário.
Colocamos na vida um pequeno toque de "magia", para que tudo a nossa volta se torne mais fascinante e bonito aos olhos de quem nos rodeiam.
Somos irmãs unidas pelo sentimento mais forte, mas poderoso e mais genuíno que existe: o Amor.
Enfim...
Somos Bruxas, vivendo no meio de todos, comuns, passamos despercebidas pela maioria,
levando nosso dia-a-dia como qualquer mulher normal mas, com um pequeno toque que faz toda diferença que vai..."da magia a sedução"!!!

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* just a little patience, yeah...





E ontem no Show da Paula Toller, ela cantando “Patience” é indescritível!Nem vou falar da minha paixão por essa canção, nem de como fico eufórica quando escuto os Guns n' Roses cantando, e quando achei que a música não poderia mais me emocionar, eis que um silêncio impressionante se instala logo após a histeria do início dos acordes.
Um silêncio quase que celestial, senti comos e estivessem apenas nós dois, meu amore e eu, pretensão sim, parecia que ela cantava exclusivamente para cada um que ali estava.
Me apaixonei de novo! Por ela, pelo meu amor, pela vida e seus mistérios e pela sensibilidade com que ela cantou...
Tá bom, que eu amo Oito anos, E o mundo não se acabou, A noite sonhei contigo, Meu amor se mudou pra Lua, entre muitas outras, mas vamos combinar que ela manda muito bem no Patience!
A voz segura, feminina, aveludada deu um “Up” na melodia...
O bem da verdade, é que até sonhei com a música, o significado dela é bem forte e faz um sentido único em minha vida, muitas vezes me peguei respirando fundo, engolindo as emoções, enxugando as lágrimas, erguendo a cabeça e repetindo a mim mesma :

(...) “Little patience, mm, yeah, mm, yeah
need a little patience, yeah...
just a little patience, yeah...
some more patience, yeah (...) ”

Isso é o que levo comigo, sempre que as paredes ruírem, o céu desabar, a luz no final do túnel parecer apenas uma ilusão, ‘just a little patience’, que o tempo cuida de tudo, se encarrega de colocar as coisas no lugar, e quando menos esperamos os vagões retornam aos trilhos...



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quinta-feira, outubro 30, 2008

Sobreviver nesse Calor Infernal!!!!!!!!




Ai céussssss!!!!
Preciso sobreviver a isso...
Que Calor é esse???
É de matar ou será de morrer???
E olha que ainda estamos na primavera! Afff!!!
As estações entraram em colapso e se confundiram todas.
Depois perguntam porque gosto de inverno, o que de fato também está virando uma lenda, já que nem meus casacos, polainas, e cachecóis tirei do armário este ano.. Hunf!!!
Sinto-me, em um caldeirão que está sendo meticulosamente preparado,
como que naqueles rituais que não tem hora prévia para acabar.
E mais uma noite sem dormir....
Já está se tornando rotina, uma árdua rotina, agora não é apenas a insônia que teima em me fazer companhia, essas ondas abomináveis de calor também andam me atormentando.
Que ventilador que nada, ar condicionado? Isso funciona?
Porque sinceramente não tem me adiantado de nada.
Passo horas me enxugando, ingerindo litros e mais litros de líquidos que afinal é a única coisa que meu organismo pede com veemência.
Queria mesmo me mudar para o banheiro, já que a quantidade de banhos triplicou, a maratona começa na madrugada, quando agoniada não encontro solução, e vou eu lá correr para o chuveiro na tentativa desesperada de pelo menos ele me aliviar um pouco.
Aiii delícia, me sinto fresquinha, limpinha, cheirosa!
Nem bem me enxugo, e cruzo o corredor em direção ao quarto, e pronto, já estou pingando...
Todas minhas moléculas estão revoltadas, é calor demais!
Infernal!
Parece que já estou crucificada e fui enviada direto para o inferno sem escalas no purgatório, para pagar meus pecados!
A camada de ozônio está em falência, esse raio de efeito estufa estragou tudo!
Horário de verão? Eu prefiro nem mencionar minha insatisfação, arruinou minha rotina, meus hábitos, minha pele, minha disposição, roubou minhas horas, meu tempo, meu bom humor...
Arghhhh!!!
Nem dá pra sair de casa, antes ou depois do sol, essa é a melhor solução, ótimo na teoria mas, bem diferente na prática.
Acho que vou raspar a cabeça, assim minha nuca não encharca molhando minhas costas!
Minha pressão agora oscila entre 8/10, as quedas bruscas são constantes, acho que vou tomar um sorvete para aliviar.
Falando em sorvetes, hum, tenho pensado seriamente em mudar o cardápio; será sorvete de madrugada, no café da manhã, no almoço, no lanche, no jantar! Geladinho...
A minha balança vai agradecer né e meu professor me trucidar!
Afffff!!!!!
Na rua é uma loucura, as pessoas se espremendo na tentativa de encontrar um pedacinho de sombra, dormir com a janela aberta, nem pensar! Com minha sorte, algum bicho exótico vem me visitar, dentro do carro é um horror, no supermercado um empurra-empurra, no trabalho um tal de beber água e lavar o rosto que só vendo, nos passeios, a maquiagem vai escorrendo e borrando pelo caminho...
Aaiiiiii, queria fica pelada 24 horas!
Estou é desintegrando...
Todas as roupas sintéticas ou orgânicas tornam-se um tremendo incômodo!
O meu termômetro já está pra lá dos 41 graus!
A transmissão do meu fluxo de calor entrou em choque com meus átomos, uma briga boa para ver quem sobrevive, minha energia térmica tem superado as expectativas!
Na tentativa de espantar o calor, praia, piscina são uma boa opção,
até a página 20, quando empolgadíssima resolvo pegar aquela corzinha.
Bronzear?
Conclusão...
A situação piora consideravelmente, agora além das ondas intermináveis de calor, e olha que estou bem longe da menopausa, sofro com a sensação de queimada, ah coisa boa hein, pareço uma broa que foi esquecida no forno e passou do ponto, detalhe de um lado mais bem passado do que o outro!
O bronze? Ou será vermelhidão? Efeito camarão?
Protetor solar amigo inseparável, mas com a sorte que tenho, minha brancura é tão intensa que nem o fator 50 está adiantando.
Sim, sim, fazendo uso daquele ditadinho medíocre: “O sol nasceu para todos”(claro que a intenção é outro sentido), tô querendo é muita sombra para me refrescar desse vulcão que parece estar prestes a eclodir!
Pode até soar insano, mas se tivesse o poder de mudar de cenário, estaria em um lugarzinho delicioso, com um frio aconchegante, nevando de preferência, tomando chocolate quente e comendo um fondue...( Sonho de consumo atualmente)...
Zzzzzzzzzzzz.......
Mas, voltando para a minha realidade, respirar fundo para próxima conta de energia, e ir improvisando algumas técnicas para me refrescar desse turbilhão e fazer muita meditação para equilibrar as energias...



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Pufff...Puffff....

sábado, outubro 25, 2008

TEMPO : preciso de mais tempo!




Tenho me sentido imensamente cansada...
Sinto que estou sem tempo. O bem da verdade é sem tempo para tudo, pelo menos tudo que eu gostaria de fazer.Um tempo pra fazer minhas coisas, não que não às tenha feito,
Mas, com certeza não da maneira que eu gostaria...
Tempo para fica á toa, tempo para não fazer nada, quanto tempo não faço isso!
Tempo, para fazer o que eu costumava fazer
e hoje vejo tudo como se fosse um "luxo"...
E o tempo talvez seja isso, a plenitude e o desespero de acertar o compasso exato.
Tempo para ficar deitada sem as preocupações de agora, tempo para planejar o futuro sem tanta ansiedade, tempo para decidir casar e ter filhos sem o relógio biológico estar apitando, tempo para não ter que organizar meu dia, tempo para não precisar cumprir prazos e metas de projetos, tempo para não olhar no relógio, tempo para preparar festas e os cafés-da-manhã de domingo, tempo para andar de bicicleta, tempo para fofocar com as amigas sem pressa de desligar, tempo para passear com meu cachorro, tempo para brincar de stop, jogar banco imobiliário, tempo para ficar o dia todo na cozinha fazendo receitas “inventando moda” como meus pais costumam dizer, tempo para assistir TV, tempo para ver meus vídeos e músicas favoritos, tempo para passear na praça e tomar aquele sorvetão de andares, tempo para visitar alguém especial, tempo para bater pernas sem hora para retornar, tempo para tomar banho com calma, tempo para arrumar e assumir compromissos e não ter que me dividir em mil para realizar todos com sucesso, tempo para olhar o nada, tempo para admirar as paisagens, tempo para não me preocupar com a aparência, tempo para ler todos os livros que comprei e ainda não passei das primeiras páginas, tempo para dar atenção que eu costumava dispensar antigamente, tempo para tomar sol, sentir a chuva, ver as estrelas e esperar o pôr-do-sol...
Quem sabe o tempo esteja passando rápido demais e eu não tenha me dado conta, e novos tempos chegarão e outros ainda virão...
Só queria mais tempo, para fazer tudo e nada...
Então, vou me encontrando aos poucos nesse tumulto de acontecimentos,
que nem o tempo me deixa resolver...

I need of time for me ... come back my world ...


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terça-feira, setembro 23, 2008

Descobrindo você em mim...




Fiquei me perguntando da mesma forma que todos perguntam como pode 10 anos carregar a intensidade de 20?
Estava tentando entender, com meus botões, afundada nos travesseiros, como fazemos dar certo?
Ah, puxa, eu era uma garotinha mimada como você costumava dizer, que ainda brincava de Barbie, e usava aquele batom desastroso.
Ainda hoje, me peguei rindo sozinha feita uma bobalhona, mas sabe o que é, você veio com o pacote completo, eu é que tenho defeito de fabricação!
Santo Deus, como você faz isso? Como é que consegue paralisar meus sentidos desse jeito? Não tinha que ser eu que lançaria o feitiço?
Afinal, eu é que sei mexer o nariz!
Eu gosto até do seu mau humor, irritantemente isso fascina.
Você acordando é um charme, com sono uma gracinha.
Preciso parar de pensar em você, senão terá que me aturar pelos próximos 50 anos.
O jeito como você levanta a sobrancelha é uma coisa!
Indo ou vindo, você me tira o fôlego.
Faz favor de parar, você é um absurdo!
Me chama a atenção no meio de qualquer multidão.
Até mesmo quando eu emburro, não quero conversa, faço bico, fecho a cara, balanço os pés em sinal de protesto, você tem esse dom de acalmar minha agitação, consegue me dobrar ao meio, e faz com que eu me desmanche toda.
Você é assim, uma coisa viciante, um delírio constante.
Quando chega traz euforia, quando vai deixa gostinho de quero mais.
Se a gente combina?
Quem foi que disse que precisa combinar para dar certo?
Combinar demais perde a graça, fica insosso, inodoro, incolor, indolor, pouco estimulante.
Eu prefiro o “se completar”, o que tem de sobra em mim completa o que falta você, o que carece em mim recebo de você.
E daí? O que isso importa?
Faz aquela carinha de pidão, me deixa mole de paixão, que eu deixo você roubar meu coração, mas tenho a sensação que já se apoderou disso e muito mais.
Sabe aquele lance de você dançar, desajeitado e sem proporção de espaço?
Eu gosto disso também. Aquele jeito de desentendido para conquistar minha aprovação, sempre funciona não é mesmo, como você faz isso?
Esse negócio de se apaixonar fica cada dia mais interessante, eu adoro
essa brincadeira de se gostar.
Essa cara de abobada é exclusiva para você.
Até naqueles dias mais tediosos e sem graça você me arranca suspiros.
Eu estou é mal acostumada, amor demais engorda, me ajuda a manter a forma,
E você diz que sou linda de qualquer maneira, mas é porque não sabe que você é maravilhoso até dos avessos.
Eu penso até que você é cego, por me enxergar de um jeito único, surdo por me ouvir demasiado sem se aborrecer, e dissimulado por me fazer enlouquecer.
Tá bom, eu que sou a chata dessa relação, a complicada e temperamental, quando faço o papel de mãe, me afundo nos livros, vejo filmes melosos, sou um porre contrariada, desmonto vitrines das lojas e faço você carregar os pacotes, com a mania de organização ou controlando a situação, minhas críticas são duras, consigo ser implacável, sempre quero ter razão e até hesito em tirar os pés do chão.
O que compete a você é a melhor parte, quando dou por mim, você dominou geral,
discretamente me puxa as orelhas, me pega no colo, rodopia meus sentidos e me faz viajar.
Sabe como conquistar e quando recuar.
Arranca as mais escandalosas gargalhadas, e se não tem graça, você ri das minhas risadas, no final das contas, nem sabemos porque estamos comemorando, tudo vira de repente assim uma festa!
Como você sabe ser rabugento, adoro esse tom de voz ameaçador que logo se transforma em doçura pura.
Você não corre da chuva, quando vê água parece criança, você é o meu “Beixe-Poi”.
Somos uma dupla e tanto, um mais atrapalhado e desastrado que o outro, fica impossível competir conosco.
Na cozinha somos uma comédia, no supermercado uma gozação, derrubamos mais coisas fora das prateleiras do que no carrinho.
Você é o “Panda” que eu sempre quis de presente, me protege do frio e me defende dos predadores, tem aquela idéia fixa que tanto acho espirituoso de que não aprendi a me defender.
Descobriu uma fórmula de ler meus pensamentos, e a forma como termina as minhas frases me deixa com aquele gostinho de “ser especial” e encabulada.
Um dia com certeza ganhará o troféu de mais paciente de todos os seres, consegue a difícil façanha de driblar todas as minhas TPM’s e esperar eu me arrumar.
Me irrita, me tira do sério, faz cócegas nos meus pés, desmancha meus cabelos, aperta meu nariz, imita meus chiliques, diverte-se com minhas neuras, eu juro que deixo, só para depois poder ver aquela cara que você sempre faz.
Se esconde embaixo das almofadas, e me olha daquela forma que me vira de cabeça para baixo.
Você é tão delicioso que ás vezes dá vontade de arrancar um pedaço!
Não sei direito quanto de você cabe em mim, isso até me surpreende, porque cada vez mais quero sentir você, cheirar você, comer você, beber você, engolir você, para poder respirar você.
Ainda que esteja desarrumado, você consegue ser o homem mais lindo do meu mundo.
E nós somos isso, o conjunto efeito do momento, os opostos que deram certo, o tsunami que inunda tudo e você a calmaria que se instala.
Essa voz rouca e pouco amistosa aciona meu botão principal, que frio na barriga que dá.
Os absurdos que só nós sabemos falar, essa imaginação tão fértil que brota de nossas mentes insanas.
Sou o fogo que arde de tanto que sei ser geniosa e você aquela água que vem trazer a serenidade. E nessa gangorra de personalidade, descobrimos como manter o equilíbrio, estabilizar os pesos dessa balança tornou-se um desafio satisfatório, essa troca é o ápice de tudo isso.
Isso é porque você me faz feliz, muito além do que sempre quis, acima do que imaginei.
Mesmo quando as cores somem e fica tudo meio cinza, você vem pintar meus dias com a tonalidade da sua alegria.
Pode me levar para onde quiser, de olhos fechados eu aprendi a te amar, se tropeçar, me segure pela cintura, para eu ter a certeza que vale a pena continuar.
Eu só sei que nada sei, afinal, venho descobrindo pouco a pouco, e algumas vezes me pego buscando você nos lugares mais longínquos, minha cabeça pirou, meu coração até se rendeu, me fez perder aquele medo de antes, já posso até baixar a guarda, eu descubro você todos os dias em cada pedacinho do meu ser.
Podemos fazer de conta que começamos agora, a emoção tá fresquinha, a magia ainda nos faz companhia.
Agora olha para ver o quanto de você está em mim e quanto de mim há em você.
Ai, eu percebo, que o tempo passou e de garota mimada tornei-me mulher mal acostumada, quero mais e mais, sempre é bom ter overdose de você.
Pensem o que cada um quiser, nós fazemos a coisa funcionar.
E quando perguntarem qual é o segredo da felicidade, vamos dizer que o segredo é que não há segredo, não se preocupar em dar certo, deixar fluir naturalmente, cultivar a paixão todos os momentos do dia, e se embriagar de amor no final da noite.



;)

quarta-feira, setembro 17, 2008

Um dia para não se lembrar ...




Piii pi pi piiiiiiiiiiiiiiiii......
Eu abro os olhos e o despertador esgoelando!!!
Ai céus! Que noite foi essa?
Não preguei os olhos, me revirei de todos os lados, até o lençol fugiu da cama,
os travesseiros espalhados pelo chão, descreviam meu sofrimento.
Levantei foi dos avessos, com o humor amarrotado.
Hoje vai ser um dia daqueles!
As olheiras denunciam o tamanho do meu desespero.
O chuveiro queimou, e as torradas foram pelo mesmo caminho.
Quebrei o vidro do meu perfume favorito, e ainda prendi o dedo na gaveta do armário na tentativa de segurar a xícara que se espatifou no chão.
Pisei na pata do meu cachorro, meu bom dia saia com sonoridade amarga para quem ouvia.
O carro não pegava, afff! Atrasada!
Tô irritada, mau humorada, stressada, chateada, acabada, exaltada.
Tô com o pé quebrado, dolorida, desapontada e com a cabeça estourando...
Meu bolo abaixou, o suflê desandou, quebrei a última unha que estava inteira.
O dia foi um tormento de proporções desastrosas.
Acho que fiquei daltônica.
O telefone não parou de tocar, acabou a bateria do meu celular!
Ai, quero sumir!
Ninguém me dirija a palavra, erra a minha direção, por favor, porque hoje não respondo por mim.
Distribui grosserias, fui desatenta e rabugenta.
Preciso de uma trégua, e não sei pra que lado correr.
Como se as paredes me espremessem ao meio, falta ar aqui, falta o meu chão.
Estou insuportável e afastando o menor sinal de vida que ouse se aproximar da minha pessoa.
Arghhhhh........
Preciso de um banho, de achar uma posição cômoda para ficar, já que meu pé resolveu dar sinal de existência durante ás 24 horas do dia. Que dor, quero morrer!
Estou no inferno astral, não talvez seja apenas um dia atípico e vai passar.
Que ironia, dediquei todas as horas do meu dia a reclamar e meu fígado produziu bile com auto teor de fel além do habitual, cuspi marimbondos para todos os lados.
Em recompensa pelo meu “exemplar comportamento e estado de espírito”, minha mãe me deu uma blusa de presente com um doce sorriso nos lábios, meu namorado me trouxe chocolate e disse o quanto me amava, meu pai me fez suco de laranja me afagando a cabeça e ajeitando o travesseiro no meu pé, meu irmão colocou no meu programa favorito, minha amiga mandou mensagem dizendo que estava com saudades e meu cachorro pulou em meu colo com carinha de pidão.
Eu preciso descansar, quero dormir, não vejo a hora desse dia se esgotar.
23:37 – quando achei que mais nada me aconteceria, quebro mais um copo para completar o meu dia, acho que isso finda essa nuvem carregada, meu estômago se revira como se estivesse em protesto.
Balanço do dia: Fui egoísta, magoei pessoas, estúpida e impaciente com quem pude ser, confundi sinceridade com falta de educação, extrapolei.
Contaminada de pensamentos nenhum pouco estimulantes, energias desagradáveis.
Não me orgulho nada disso.
Apenas sou “Humana, demasiada humana!” (como se isso me servisse de consolo).
Vou para a cama o mais rápido possível, antes que profira mais absurdos e indelicadezas, me sinto culpada demais para argumentar e consertar as coisas hoje, fiz o papel na medida da própria “Cruela cruel”.
Então já chega, vou colocar essa “monstra” para dormir e despertar quem eu gosto de ser. Eu sai um pouco fora dos trilhos e amanhã será outro dia!


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quarta-feira, setembro 03, 2008

Minha Caixa de Pandora





Em um determinado momento em nossas vidas, chega o grande “dia” de abrir a Caixa de Pandora.
O instante inadiável de nos confrontarmos com nós mesmo.
Como no mito grego, todos os tesouros da humanidade reunidos e guardados secretamente, a “nossa caixa de Pandora” não foge o tema.
Aqui moram os afetos e desafetos de uma jornada toda, anseios, medos, demônios e anjos, fantasias e fantasmas, sonhos e frustrações, o lado escuro e misterioso que mora em cada um.
Não tem volta, se abrir, não há retrocesso, é um caminho sem volta.
Estar diante da própria essência é assustador, ao primeiro virar da chave,
Piscar de olhos todo o universo que conhecíamos até então passa a ter outro sentido.
Ao mesmo tempo, que revelar-se seja um alívio também é um tormento, porque nunca sabemos o que irá ser encontrado, nem qual será o próximo passo.
A compreensão do que não conhecemos pode até ser uma afronta e limitado.
O mais engraçado disso tudo, desse processo de “auto-decifrar” é que mais parece um vai-e-vem que não me remete a lugar algum, não consegui me entender, menos ainda me encontrar, agucei minhas assombrações e não consigo lidar com elas.
Fiquei foi envenenada de conceitos e agraciada de possibilidades, inutilidade divagando
no silêncio da minha alma, todas as luzes apagadas.
Mas, eu tenho medo do escuro, e essa calmaria me alucina.
Acho que não foi boa escolha, mas quais foram as escolhas?
Algumas nem foram conscientes e até involuntárias.
Pago por elas? Me culpo por elas?
Convivo com elas...
O vazio que habita meu próprio abismo é a escada que me leva a novas escolhas.
Mas é o que invariavelmente sinto nessa ocasião, não suporto o fator dúvida,
Nem me dou bem com essa conspiração de sentimentos, nunca fui boa em avaliações,
sempre me perco no meio do caminho, pior é que muitas vezes a teimosia me alcança, e feito criança mimada, quero soltar das mãos e tentar sozinha, acho que sempre vou dar conta do recado e de todo o resto, mas é que de vez em quando eu também me procuro e a tarefa de retomar ao ponto de partida é apenas minha.
Pode ser uma grande perda de tempo, então eu me rendo, essa que mora dentro de mim é mais obstinada do que eu pretendia ser, e se eu me afasto, ela torna me empurrar.
Uma odisséia homérica essa que veio me encontrar, e o pouco de lucidez que me resta me manda calar a boca!
Caixa fechada, já vi o bastante, esmiucei demais, os próximos capítulos pretendo descobrir ao acaso.


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terça-feira, setembro 02, 2008

Você sabe rezar????





Problemas com a telefonia, banda larga, tv à cabo, suprimentos para emagrecer, cartões de créditos, boletos bancários?
Quer reclamar?
Foi feito de palhaço, calma, fica relax, você não é o único.
Xi, a coisa tá feia e já vou avisando, é melhor que prepare os ânimos, porque vem chumbo grosso. Será que o Procon, Codecom, resolvem?
Ou será as atendentes tão bem preparadas do tele marketing?
Socorro, porque o bicho tá pegando!
Se estiver disposto a desgastes, stress e leve surtos que passam por horas intermináveis de negociações sem nenhuma resolução sequer aparente, é melhor sentar e esperar, ou quem sabe deitar.
Dores de cabeça? Que isso, anime-se é só o começo!
Acessos de raiva, fúria, incompreensão? Tornaram-se frequentes...
Perde tempo debatendo-se em tamanha falta de consideração, esperando por soluções que se arrastam nas filas de espera.
Talvez algum dia alguém resolva seus problemas, mas agora acho um tanto ilusório.
Não querendo lhe assustar e fazer uso do pessimismo, apenas usando o bom senso, vamos cair na real, essa realidade que tanta bagunça vem fazendo em todos e possíveis setores que nos cercam como cidadãos, já virou motivo de piadas.
Tão banalizada quanto a desordem aérea, ou a epidemia da dengue e da febre amarela, há tem também os superfaturamento de alguns senhores de cima, havia me esquecido desses detalhes, talvez porque a lista seja extensa demais.
Você paga impostos? Cumpre suas obrigações, é correto e digno de respeito?
Acho que essa palavrinha está meio obsoleta dos vocábulos atuais.
E quantas brigas, até desistiu de fazer reivindicações não foi?
Seja bem vindo então, a nova era que entramos, o caos resolveu mudar para cá de malas e cuia.
E o pior é ter que olhar estáticos as facetas que nossos excelentíssimos governantes nos presenteiam cotidianamente.
Um conselho. Se apegue a todos os santos, porque toda ajuda divina é bem vinda, Já que a dos meros mortais que regem o poder esta um pouco difícil de sair ultimamente.
...

quinta-feira, agosto 28, 2008

Como uma “Bridget Jones”


















Essa capacidade fenomenal de dizer coisas absurdas nas horas mais impróprias, agir de maneira estranha em situações mais improváveis, e ser absolutamente imprevisível.
Gafes?????
Minha nossa quantas! (Risos)
Uma tendência memorável em fazer tudo aos avessos dos conceitos estabelecidos pela sociedade.
Eu precisava falar sobre esse livro, aliás,eu ansiava em falar sobre ele, ou será sobre eu?
Porque a sensação que se tem é exatamente essa, o livro foi indiscutivelmente feito "pra você".
Quando finaliza a página 319, tenha a leve impressão de que lhe colocaram no microscópio, andaram lhe observando, como sabem tanto a seu respeito?
Fantástico! Por quê?
Porque trata-se de um "personagem" comum, sobre uma mulher comum, e justamente aí está o ápice do enredo.
Somos nós, eu, você, ela, aquela. Mulheres comuns.
Em algum momento do livro você se encontra, em alguma situação familiar, uma "gafe" peculiar, alguma atitude similar, lá está você, sentindo-se uma "Bridget Jones", por ser exatamente essa a grande sacada de Helen Fielding, ela não somente torna a história interessante pela forma de se contar o modelo "diário", como pelo humor cômico e até negro em alguns aspectos.

Os defeitos, nossos defeitos, é essa a identificação instantânea, não é um personagem elaborado para que nossa imaginação fique aguçada a tal ponto de fantasiarmos ocasiões ou emoções, não mesmo, trata-se do oposto; justamente o lado "humano", sem o toque "mágico e inebriante" dos romances convencionais, esse faz prender o fôlego pelo simples fato de nos encontrarmos nele, e ressaltar os mais variados defeitos que nós mulheres em especial temos e muitas vezes preferimos "ocultar" ou "fingir" que não existem.
Claro o filme engraçado também tem seus méritos, mas nada como ler o livro e compreender cada detalhe precioso que se perde ao tentar reproduzir algumas obras.

Se desesperar com a balança? Com certeza deve haver algo de errado com ela, ou será comigo? Efeito sanfona, emagrece, engorda... Que ciclo vicioso!
Argh! Apavorada com aquela barriguinha saliente, e as celulites e estrias indesejada??? Não estavam ali ontem!
Devoradora de chocolates, sorvetes, pizzas, pipocas, guloseimas e afins em crises existenciais?Assistir programas de TV no sábado á noite por falta de companhia? (Detalhe: zapeando os canais na tentativa de achar alguma coisa interessante – Resultado: frustrada e consumindo algo calórico para compensar).
Brigas com as revoltas dos seus cabelos? Secador, escovas, chapinha... affff...
Derrubar o armário escolhendo por horas uma roupa para aquele encontro?
Sofrer por dor de cotovelo, abandono, traição, coração partido?
Beber por culpa, desprezo ou fracasso?
Fumante em potencial, lutar contra o vício?
Amar demasiadamente, doar-se em medidas desproporcionais?
Empenho obsessivo na área profissional, engolindo quantos "sapos" forem necessários muitas vezes?
Solteira? Casada? Eternos dilemas...
Tendência a relacionamentos complicados, ou seja: "grandes roubadas"!
Conflitos familiares desestruturando o equilíbrio das coisas.
Aventuras e risadas com os amigos, na tentativa de afogar as mágoas e encontrar soluções milagrosas para os problemas.
Se desdobrar em dez para ajudar as pessoas queridas que lhe batem na porta, sempre com aquele sorriso generoso.
Se jogar no sofá de pijama e meias, ouvindo "All By Myself" ou qualquer canção melodramática que faça você desidratar de tanto chorar.
Aguardar ansiosa (o grau de ansiedade ultrapassa a lógica) o telefone tocar, sendo assim acaba paranóica checando secretárias-eletrônicas, e-mails entre outros...
Almoços e jantares mirabolantes para "fisgar" alguém pelo estômago! (quem sabe funciona, né).
Ser totalmente atrapalhada e desajeitada, quase colocando tudo a perder, e provavelmente tentando consertar em seguida( algumas vezes com sucesso, outras nem tanto).
Não ter medo de se expor ao ridículo ou ser alvo de comentários e críticas por ser autêntica e verdadeira(algumas vezes até demais).
Ter metas e objetivos a cumprir e fazer de tudo para torná-los reais.
Fazer anotações sobre o seu dia-a-dia na tentativa de aprimoramento.
Ter surtos por essa ou aquela festa. Com que roupa ir? o que dizer? como se comportar?
Idealizar aqueles "momentos especiais"(mesmo que existam apenas em nossa cabeça).
Ter tido muitos "Daniel’s Cleaver" na vida, mas sempre espera por encontrar um "Mark Darcy"...

Em algumas dessas situações nos encontramos, com maior ou menor intensidade, mas o fato é que, existe uma "Bridget Jones" dentro de cada uma de nós, perdida ou a solta, e morremos de medo de que ela se manifeste.
Os amores, as paixões, confusões, decepções, vilões de nossas vidas, desafios profissionais, tudo nos remete a nossa realidade, o ser humano imperfeito e caricato que somos e muitas vezes mal nos damos conta de tal.

Quer saber?
Sou uma "Bridget Jones" muitas vezes, exceto pelos itens beber e fumar, mas boa parte de todas as outras coisas escrevem o enredo da minha vida. Como ela, pensem o que quiser, sou como sou, e para ser sincera, nem um pouco interessada em saber se me enquadro ou não nos padrões.

Sou Feliz droga! Dane-se!


Ps: O segundo livro: No limite da razão apenas continua a saga das "Bridgets Jones", e reforça a idéia de que nada é perfeito nem eterno, o "perfeito" também tem problemas, o "fator comum" novamente embala a trama.


***

terça-feira, agosto 26, 2008

As mulheres sangram ...




Mas porque as mulheres sangram?

Esse não seria mais um discurso desconexo sobre feminismo,
Nem se pretende tal ponto.
Mas que sangramos demais,
áh, isso não se pode negar.
Sem discussões. Sangramos e pronto!
Sangramos por fora se fazendo perceber,
Sangramos por dentro sem transparecer.

Porque sangramos desde o princípio de tudo,
A maçã de Eva no paraíso era vermelha
Como a gota de sangue que escorre de uma ferida que não cicatriza
O vermelho do batom que aveluda os lábios
Ao sermos concebidas sangramos por carregarmos o peso do universo
Quando nascemos sangramos ao sermos abruptamente apresentadas ao mundo
E ser mulher é entrar nesse ciclo de sangramento contínuo que o sexo oposto
Nem de longe sonha em compreender.
Para amadurecer como mulheres cientificamente falando, começamos sangrar,
Para nos tornarmos mulheres também sangramos.

Sangramos mensalmente,
Até quando o relógio biológico começa descansar,
Algumas dolorosamente e outras de maneira indolor,
Mas, todas temos o vermelho vivo
Pulsando em nossas entranhas

O vermelho vivo da paixão fulminante que arrebate
O vermelho ameno do amor que acalenta
O vermelho nocivo do desprezo que confunde
O vermelho angustiante do abandono
O vermelho letal da mentira que mortifica

Tudo é vermelho!
Uma antítese de valores
E sentidos entrelaçados
Que sempre estará presente
Quando chega, quando vai
Quando acontece, quando não vem
Quando traz euforia
Ou quando agoniza
Maldição ou será a Salvação?
A Benção ou o Lastimável?

Somos nós mulheres que sangram
Pelo brindar da vida,
Pelo vibrar das conquistas,
Pelo chorar das dores,
Pelo querer das horas,
Pelo sofrer das mágoas,
Pelo sorrir dos filhos,
Pelas alegrias,
Pelas tristezas,
Pelo passar do tempo,
Pelo medo,
Pelo querer demais,
Pelo ser, pelo estar, pelo fazer...

Divinamente privilegiadas
Indescritivelmente diferenciadas
Somos o ventre do mundo
A Vênus do universo
A Afrodite dos Deuses
O centro de tudo
É aqui dentro onde tudo acontece...

Mulheres-meninas
Mulheres-mãe
Mulheres-pai
Mulheres-amigas
Mulheres-amantes
Mulheres-princesas
Mulheres-bonecas
Mulheres-plastificadas
Mulheres-montadas
Mulheres-feiticeiras
Mulheres-bruxas
Mulheres-anjas
Mulheres-encantadas
Mulheres-desprotegidas
Mulheres-poderosas
Mulheres Absolutamente Mulheres

E na vertigem, desse ir e vir
Choramos sorrindo,
Cantamos as lágrimas,
Gememos afoitas,
Como feitas para a poesia
Nos encaixamos em qualquer drama cinematográfico
ou romance literário
e até mesmo nas mentes invioláveis

Somos mais que isso
Mais que aquilo
Um que de quê?
Um Tal de tal!

Sangramos por bem
ou sangramos por mal
Sangramos felizes
Porque só nós,
Apenas nós mulheres
abrigamos e desabrigamos o sentido de tudo!

***

terça-feira, julho 15, 2008

Insuportavelmente Feliz ...




Então eu descobri porque sou tão Feliz assim...
Eu sou milionária e não sou dona de nenhuma fortuna palpável, mas
dona da maior delas a FELICIDADE!
Não tenho tanto dinheiro, nem mansões, carros e nem viajei para todos os lugares que gostaria de ter visitado, mas sou imensamente abençoada!
Não existe sorte maior no mundo que a minha, nem cifrões que comprem minha satisfação pessoal.
Tenho tudo que preciso, sou dona das melhores coisas que poderia querer,
Tenho as coisas boas da vida, e isso ninguém nunca irá me tirar.
As melhores sensações eu experimento, os melhores momentos vivencio a cada novo despertar.
Amo desmedidamente e sou amada muito mais, tenho uma família indescritível, amigos fantásticos, e um amor para me completar.
Meu coração vive em festividade, distribuo sorrisos aleatórios sem medo de reprovações, minha sinfonia é sempre harmônica como o cantar dos pássaros que pousam em minha janela todas as manhãs.
Possuo os maiores tesouros que alguém possa imaginar em ter, e isso me faz um ser humano melhor.
Minha alma tem as asas necessárias para me fazer voar bem longe e voltar com a segurança que preciso.Meu espírito é nutrido constantemente de boas energias, e minha freqüência vibra na onda das emoções.
Não tenho a perfeição ao meu dispor, mas a certeza de que posso superar o que me for conferido.
Meu céu também tem nuvens densas, vez ou outra me deparo com tempestades, raios e trovoadas, também enfrento a escuridão da noite, percorro horas caminhos incertos, sinto cansaço, sofro decepções, enfrento desafios e tenho perdas; mas aprendi esperar o sol nascer, o arco-íris aparecer depois do dilúvio, as borboletas surgirem e o trem voltar aos trilhos.
Sou autora da minha própria história e grata aos personagens que me ajudam a compor esse enredo por tudo que me acrescentam.
Quando deixei de procurar os “porquês” e esperar que tudo aconteça como imaginei, entendi que existem coisas que não se explicam e, que não preciso idealizar momentos ou situações, o melhor de tudo já está acontecendo o AGORA, e nada se compara a isso.
Sou iluminada pela luz que irradia das pessoas que convivem comigo,
Sou protegida por anjos especiais, muitos deles disfarçados de amigos e parentes, meu coração vive em estado de euforia e meus olhos entregam a minha alegria.
Ser amada não tem preço, adorada, agraciada, acalentada isso não se compra em nenhuma loja de departamentos, a dimensão da minha Felicidade não pode ser avaliada.
Ser feliz não é uma ocasião ou o acaso, e sim a conquista de quem tenta viajar dentro do próprio ser sem temer o que lhe aguarda.
Essa é a maior das minhas conquistas, porque ninguém pode me tirar isso!
Ai desculpa, mas tenho que dizer:
Eu sou insuportavelmente FELIZ e só posso retribuir isso tudo lhe sorrindo...

***

terça-feira, maio 13, 2008

Não tem preço ...




“Nenhuma dor é tão mortal quanto a da luta para sermos nós mesmos.”



Tem momentos em nossas vidas que é inevitável esmorecermos, as dificuldades, os obstáculos que nos são impostos, o peso diário de ser mãe, pai, filha, irmã, amiga, namorada, companheira, confidente, profissional, estudante, mulher.
Cuidar dos outros e de nós mesmo exige disponibilidade e disposição para abrir-se como compartimentos e ir desempenhando tantas funções e emoções simultâneas.
O aprendizado humano é algo complexo e constante, a cada dia uma sementinha nova de conhecimento e sabedoria nos é oferecido.
O crescimento interno é um processo lento e amadurecer faz parte dessa linha de tempo.
No ciclo da vida tudo nasce, desenvolve, amadurece e por fim morre.
Assim como as plantas, as frutas, os seres vivos, somo parte do mesmo processo de
auto-identificação.
O amadurecimento é individual, depende de cada um, de como reagimos diante dos fatos e como administramos os sentimentos.
A maturidade traz o equilíbrio, e o equilíbrio oferece o bem estar, e é desse enriquecimento que me refiro.
Esse prazer de sentir-se bem com você mesmo, independente de estar ou não sozinho.
Do contrário que se pensa, amadurecimento não significa perder o brilho e o encanto por tudo que nos rodeia, muito pelo contrário, é justamente o oposto.
Quando descobrimos que a felicidade não é uma porta que abre e fecha quando as circunstâncias surgem, e sim um estado de espírito e um encontro com nosso eu mais profundo, tudo a nossa volta torna-se satisfatório e faz um sentido maior.
O tempo agora é respeitado com uma certa placidez, não há porque atropelar os acontecimentos, nem queimar as etapas que nos aguardam, já que aprendi que as coisas acontecem naturalmente e conviver com o bom e o mau que a vida nos reserva é o desafio que impulsiona a realizar nossos objetivos.
O sol sempre estará lá, encoberto ou não pelas nuvens, ele está lá, e a certeza de que na mesma proporção que os fatos desagradáveis e dolorosos nos atinge, compreendi que os bons momentos também acontecem.
O fascinante é descobrir que o que tanto procuro não mora fora, mas dentro.
A tentativa de encontrar harmonia em lugares, pessoas ou situações podem ser frustrantes, até percebermos que é tão mais simples quanto se imagina está tão próximo, e sempre esteve presente, é dentro de nós que encontramos o que projetamos no outro, o resto é conseqüência das nossas ações e reações.
É ter a consciência de que estamos tentando fazer sempre o melhor, distribuir boas energias e emanar vibrações positivas sempre retornam de maneira satisfatória.
O controle é nosso, somos nós que determinamos o que dizer, fazer e mudar, então a responsabilidade de cativar o que de melhor pode ser extraído de alguém é nossa.
Isso também significa abrir-se ao mundo em todos aspectos como pessoal, profissional, social e em como lidar com situações que não detemos o controle como lutos, rompimentos, decepções, crises e descobertas.
Aceitar que, falhamos, admitir os erros e se dispor a corrigi-los e se necessário for mudar, essa é a batalha diária.
Hoje consigo perceber com maior clareza como coisas pequenas que aborreciam, hoje não me atingem mais, incrível é poder rir de fatos que antes incomodavam, mas hoje simplesmente não me tiram do sério.
Apesar de ser alguém de temperamento forte, meu humor não se altera mais com tanta facilidade.
Não vivo mais de um extremo ao outro, nem me atormento com o que não vale a pena.
A paciência tem sido companheira.
Aprendi que a força está em mim e não do que espero de você.
Aprendi a respeitar minhas vontades, respeitar meu corpo, meu tempo, e assim não infrinjo os direitos alheios.
Aprendi que não há desgaste maior do que comprar briga com nós mesmo.
Aprendi que posso ser tolerante e piedosa sempre que for preciso, e que isso não custa nada.
Aprendi a ouvir a voz do silêncio e descobri a paz em momentos que nem imaginava.
Aprendi a escutar a minha respiração, a desacelerar meu mecanismo, a curtir coisas simples que fazem tão bem a alma.
Consigo sentir o cheiro do vento, o aroma da chuva, o calor da terra,
a beleza de tudo que me cerca, o sorriso de uma criança, o aceno de um idoso,
o beijo de boa noite dos meus pais, o abraço do meu irmão, o olhar do meu namorado, a gargalhada de um amigo, o gosto do bolo da vovó, o gelado do sorvete e a quentura do fondue, a harmonia da meditação, de um jeito que antes me escapava.
As turbulências podem me alcançar porque isso é inevitável, mas vão me encontrar mais serena e determinada.
É claro que ainda irei me stressar, sofrer, sentir dor, mas estou aprendendo a canalizar o que não me faz bem, e a me conectar com o que tenho de melhor.
E essa sensação maravilhosa de estar saboreando o que a vida pode presentear, não tem preço nem definição.
Então um dia percebemos que a opção de “ser” ou “estar” é apenas nossa, e escolher o caminho no qual iremos seguir determina todo o resto.


***

quinta-feira, abril 24, 2008

Síndrome de Don Juan



De onde vem esse tolo
Que se julga suficientemente bom
Para pairar aqui ou lá
Apaixonado por si próprio
Alucinado por suas próprias frases de efeito
Escorrega e tropeça na própria soberba
Veste-se de prepotência
E aponta os meus defeitos?
Não enxerga o próprio retrato
Nem o cenário que pode lhe engolir
Esse saborzinho de empáfia
Ficou por aqui
Como em outrora
Descuidei de mim
Quem tropeçou fui eu
Por acreditar que sensibilidade
É um adjetivo generalizado
Como dizia Vinícius
“A maior solidão do homem
É encerrada em si mesmo ...
E em paga o homem mata com a navalha”
Agora compreendo uma entre
Tantas outras coisas que me escapavam
E agora completam o emaranhado desse
Mosaico desfocado
Se pensar com uma das cabeças
Que não seja a que abriga o cérebro
Os resultados serão esses disparates
Lançados ao vento que contaminam
mais que a própria doença
A audácia perniciosa
não é o ato de se colocar na frente
Mas o de se achar superior
As reviravoltas do destino
Demonstra interesse,
Mas recua por medo de se envolver
Eterno sedutor acha mesmo
que charme e lábia ganham sempre?
O espelho é seu maior inimigo,
Será que visualiza quem mora ai dentro?
“Very Irrésistible ?”
Se desfaz em mil pedaços
quando percebe que não é irresistível
Bem resolvido?
Acredita mesmo nisso?
Padece da síndrome de Don Juan
Essa procura aleatória
Em satisfazer o oportuno egocentrismo
Quanto mais, melhor!
Só assim consegue se reafirmarTece a teia, envolve, comove
Seduz, satisfaz e descarta.
Usa como se troca de roupa
E o que é pior,
Deixamos ser usadas
Até nos tornarmos imunes
Ao seu doce veneno
Oh, senhor Onipotente!
Agora rege a terra, o céu e o mar,
Também domina situações
Mas peca em achar que
Apodera-se dos sentimentos
Pobre mortal que se julga o tal
Mal consegue amar uma única mulher
Aventura-se na conquista de todas
Como se fosse objeto de coleção
O intruso ousa usurpar a emoção alheia
Pena de ti que não se encontra em si mesmo
Que dirá em outros braços
Uma vez experimentado o deslumbro
Da própria imagem
Eternamente escravo
de sua vaidade se tornará!

***


> Have You Ever Really Loved A Woman???



***

sábado, abril 19, 2008

Porque não hoje???



Então hoje seria o dia
O meu dia de gritar bem alto
Hoje eu ficaria aqui ou sairia ali
Só queria que hoje fosse assim
Tudo do meu simples jeito
Não ter que levantar apressada
Com os minutos contados
Esse meu tempo cronometrado
Sufocando meu direito de respirar
Hoje só quero ficar desarrumada
Cabelos desalinhado
Não preciso de maquiagem
Para sentir que meus traços definem o que sou
Nem de artifícios de beleza para provar quem sou
Hoje vou passar longe da moda e dos conceitos
Impostos pela sociedade
Só preciso curtir eu mesma
Assim da maneira que quero
Meu modelito desajeitado
Quero ficar de pijamae com minhas meias listradas
Descer as escadas pelo corrimão
Me jogar no sofá e curtir
O eco que meus batimentos emitem
sem me importar em parecer ridícula
Deixe-me morder os lábios a vontade
prender os cabelos do meu jeito
sentar como eu gosto
dar minhas gargalhadas escandalosas
e assobiar como eu sei
Só quero ficar na cozinha inventando
As minhas receitas para quem quiser provar
Poder olhar os peixinhos se movimentarem no aquário
Ir para o quintal descalça, regar minhas plantas
E perceber que algumas brotaram e outras morreram
Hoje sou eu quem vai dar banho no meu cachorro
Faz tempo que não rolo com ele e nem o levo para passear
Vou ficar assim sem cumprir nenhuma das regras diárias
Tentar desligar do trabalho
e das coisas que me acorrentam
Não vou abrir meus e-mails,
mas quem sabe escrever uma carta?
Vou comer tudo que tenho evitado: pipoca, pizza, brigadeiro e doce de leite!
Assistir meu filme favorito e voltar na melhor cena quantas vezes eu desejar
Ouvir minhas músicas “cafonas” até enjoar do refrão
Cantarolando bem alto sem me preocupar se desafino ou não
Rabiscar aquelas frases que insisto em achar que fazem sentido
Vou passar longe do espelho
E desviar dos saltos altos
Não quero olhar no relógio
Tomar aquele banho demorado e ficar de roupão sem ter que me arrumar
Fazer minha meditação sem pressa para acabar
Tirar o telefone do gancho
E curtir meu mundo particular
Aqui seu conceito não me interessa
Suas críticas não me atingem
E o jeito que você olha não me ofende
Vou fazer tudo do meu jeito
Não quero ser vista com lente de aumento
Nem ter minhas atitudes contestadas em um microscópio
Anoiteceu e vou contar estrelas
Procurando uma estrela cadente
Porque ninguém vai rir das minhas manias e neuras
Estou sozinha acompanhada de mim
E nesse infinito que me cerca
Percebo o quanto é bom prestar atenção em nós mesmo
Vou fazer diferente
E tudo o que quero hoje é apenas esse tempo para
me sentir, me ouvir, me entender
então deixa eu ser quem eu sei ser!

...

terça-feira, abril 15, 2008

Insônia: essa que me faz companhia




Incrível como relutei em escrever algo sobre a insônia, talvez porque me remete a horas sofridas, horas em que me encontro totalmente desesperada.
Mas hoje pela manhã, me deparei com um blog que entre diversos textos (muito bons por sinal), o que me chamou mais atenção foi exatamente um sobre insônia.
Na verdade, confesso que minha curiosidade era em saber se encontraria as respostas para minhas tentativas frustradas de atrair o sono, ou me simpatizar com alguns das muitas sensações que surgem na penumbra da noite, quando tudo que esperamos é que o sono vem nos acalentar.
Minhas experiências com a ausência de sono, vêm de muito tempo, desde criança tinha problemas para dormir. Mas ao passar dos anos os sintomas foram se acentuando, e as crises cada vez mais presentes.
O maior pesadelo não é aquele que temos em sono profundo, mas o que não nos deixa adormecer. Essa é a real sensação de que sofre desse mal.
O irônico é que apesar disso, sou amante da noite, adoro quando o escuro se anuncia, as luzes se apagam, o silêncio se faz presente, mas com ele vem a angústia de não ter o domínio do corpo e da mente.
A madruga se arrasta não se encontra lugar na cama, remexe de lá para cá sem solução, as lembranças rodeiam, os pensamentos entram em colapso, essas não passam, atormentam. Os fantasmas fazem fila na porta do quarto, os medos eclodem como um vulcão, os lobos internos, tudo parece ser tão pavoroso e cruel, quando a única coisa que se quer é adormecer naturalmente.
Tratamentos, técnicas de relaxamento, terapias alternativas amenizam o problema sim, as crises cessam até o dia em que recomeçam por algum motivo.
Como as crises insuportáveis de enxaquecas as de insônias também são controláveis, mudanças nos hábitos, na alimentação, terapias entre outros são bons aliados.
Costumo dizer que meu melhor terapeuta e aliado são os livros, companheiros mais que fiéis, presentes e acalentadores.
Apesar de não ser nada agradável conviver com esses momentos de impotência, fui aprendendo que tudo é uma questão de óptica e de adaptação, o ser humano tem essa maravilhosa função que é a da flexibilidade, então para tudo se dá um jeito, não há mal que dure eternamente.
Aprendi a transformar essas infinitas horas noturnas em “meus momentos de insanidade”. Exatamente assim, quando o sono não vem me visitar prontamente, espero por ele com menos ansiedade, menos pavor e agonia, hoje outros sentimentos estão dando espaço para esses períodos.
Meia luz, boa música, meus livros, meu lugar favorito, o cheirinho gostoso do meu ambiente, o chá quentinho para ajudar a relaxar, o trabalho que posso adiantar, meus poemas implorando para serem escritos, faz as horas fluírem com uma harmonia que estou descobrindo dia após dia.
Aquelas tão desejáveis 6 a 8 horas bem dormidas, ainda estão longe de se realizarem, mas quem sabe um dia.
Muitas coisas tiveram que serem deixadas de lado, meu café adorável, os chocolates que me tiram do sério, e tantas outras coisas que aprendi que precisam ser evitadas nessas crises constantes.
Houve vezes que achei que fosse enlouquecer, tive acessos de raiva, descontrole, de choro e quase sempre ficava revoltada, só que percebi, que nenhuma dessas reações contribuiam para meu bem estar, de nada adiantava me martirizar, a não ser aprender a conviver com o fato de eu ter sim problemas para dormir e de milhares de outras pessoas também passarem por esse tormento e mesmo assim levarem uma vida saudável.
O bom da vida é estar diante dos desafios e descobrir formas de poder ultrapassá-los e quando isso não é possível enganar os problemas e aprender a lidar com eles da melhor maneira possível e sempre de bom humor.
Apagar a luz, folhear livros sem interesse, ligar a TV, levantar, se remexer na cama de um lado para o outro procurando a melhor posição, pensar nas mil coisas a fazer, nos problemas, nas contas a pagar, nos projetos a finalizar, ligar para alguém que ainda esteja acordado, beber alguma coisa quente, ouvir músicas, recitar um mantra, fazer orações, chás relaxantes e afins, contar carneirinhos, elefantes e até dinossauros, já passei por todos esses estágios.
Todas as tentativas possíveis e inimagináveis, até que você percebe que se não pode com ela, junte-se a ela, e dê boas gargalhadas dos seus momentos mais sombrios.
O importante é sempre tentar extrair o melhor de cada crise, de cada fase negra que passamos em todos os aspectos de nossa vida.
Como encarar o outro dia?
Um bom banho revitaliza as energias, e a certeza de que um dia pode ser melhor que o outro impulsiona você a estar nova em folha, porque ninguém tem culpa de sua noite mal dormida, nem dos seus piores pesadelos.
Então bons sonhos a todos os que podem aproveitá-los, porque esse ainda é o meu maior sonho de consumo.


***


>Ps: visitem esse blog, tem textos ótimos que acho justo compartilhar com tds
http://anamesquita.zip.net/

***

quarta-feira, abril 09, 2008

O preconceito contamina a alma




Hoje o assunto que me motiva a escrever é muito mais discutível do que se imagina, e ainda assim tão menosprezado e camuflado.
Falar sobre preconceitos é sempre algo delicado, mas como diz meu amigo está “na moda”, agora me pergunto em qual “moda”, será na de massacrar e condenar alguém por suas escolhas e gostos?
Vai ver era dessa moda que ele se referia, já que em se tratando dessa questão só consigo enxergar algumas pessoas acometidas de tamanha hipocrisia.
De acordo com o dicionário é o termo designado para "conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia preconcebida".
Pois é sempre foi o que realmente imaginei ser.
Diferença é a qualidade de ser diferente, de divergir de ser desigual, não semelhante, ou seja, nós como meros aprendizes desse espaço de tempo terreno que nos é concedido, vamos ao longo da existência incorporando valores e aprendendo a respeitar o outro, e suas características, mas será que fazemos isso?
Desde muito cedo, lidamos com os conceitos de igualdade e diferenças entre todos os indivíduos, o fato é como esses conceitos são passados de geração para geração.
Há tempos atrás quando as pessoas careciam de informações e orientações sobre certos assuntos, até seria tolerável compreender que alguns temas eram objetos de tabus, mas não me venha dizer que em plena era globalizada isso ainda está presente, e o que é pior, maciçamente presente.
Irônico não é mesmo, evoluímos em tantos aspectos, na tecnologia como exemplo, mas nesse aspecto justamente ainda vivenciamos a era mais tosca de todos os tempos.
O grande desafio do ser humano talvez seja realmente esse, respeitar as diversidades, seja elas de opiniões, de multiplicidades, de experiências, cultural, sexual, etnias, religião, idades, de atitudes, de todos os níveis possíveis, ser “diferente” dos moldes estabelecidos pela sociedade gera discussões, indagações, repudia e o bichinho do PRECONCEITO, é um exercício de cidadania, um exercício interno primeiramente.
O fator cultural pesa muito nesses julgamentos antecipados, valores, ideologias, contribuem para contaminar as pessoas com esses sentimentos que só fazem mal para quem os experimenta e os lança desproporcionalmente.
Mas em qual dos conceitos ditados pela sociedade como toleráveis você se encaixa?
Sempre existirá alguém que não aceite suas idéias, não goste da forma como você se veste, da maneira como você demonstra as emoções ou como se comporta diante de algumas situações.
Com toda certeza é muito complicado limitar o certo do errado, até onde a verdade do outro é a absoluta e onde começa a sua verdade.
Mas também não há como dizer que jamais somos ou seremos preconceituosos por qualquer motivo que for, já que sempre existirá coisas que nos incomodam, e passamos assim a adotar automaticamente a posição de pré-conceito, que nada mais é que fazer um pré julgamento sobre algo que não sabemos exatamente o que significa ou como se procede.
Mas podemos amenizar as coisas, não discriminando ninguém por suas opções ou condições, de maneira precipitada e injustamente.
Precisamos sim respeitar o comportamento de cada um de acordo com sua conduta particular.
Estou fazendo uso do chamado “nariz de cera” em jornalismo, para deixar minha insatisfação em algumas situações que infelizmente presenciei nos últimos tempos.
Apontar o dedo para outro indivíduo sem critérios nenhum é exercer crueldade em primeiro grau.
Abominável quem se acha no direito de ser o detentor da verdade e se julgar melhor que alguém por alguns aspectos que os divergem.
Sou vítima de presenciar fatos que nem encontro definição para tais, mas também nos últimos dias pude vivenciar o outro lado do preconceito, o lado de dentro.
O ser discriminado é algo que nos deixa profundamente abalados e desconcertados, mesmo se você tem uma postura firme sobre seus ideais e conceitos, mesmo assim machuca.
As pessoas são diferentes por inúmeros motivos, e respeitar a todos é um dever, é imprescindível, não estou dizendo para compreender ou aceitar, aprender a conviver em harmonia é uma tarefa constantes, mas tão desesperadamente necessária.
Eu entendi como é ser olhado diferente, como é ser julgado por algo que você escolhe ou decide, como é ser desrespeitado sem o menor cabimento, e garanto não é nada agradável se ver obrigado a defender-se mesmo sem vontade ou necessidade aparente.
Já havia passado por situações de discriminação por motivos familiares, por ter alguém em uma condição especial em casa, o que nem vou tocar no assunto, porque renderia muitas páginas. Mas uma coisa é sentir o peso do preconceito por terceiros outra coisa é sentir como eles sentem.
Cada ser humano é como é, distinto em suas particularidades, e ninguém é 100% bom ou 100% mau, somos o que somos, e vamos caminhando tentando acertar, erramos na maioria das vezes, mas na tentativa de fazer a melhor opção.
Como o milenar ditado celta “Toda vela acessa projeta uma sombra, não deixe que ela tome conta de você. Sair do lado escuro da vida e aproveite o sol.”
Não vamos nos deixar contaminar pelos conceitos equivocados.
Quem sabe abrir os olhos para nós mesmos e aprimorarmos o que temos de melhor, conseguimos enxergar no outro semelhanças que nem imaginávamos que existissem.
O respeito às diversidades é o melhor caminho para paz.
***

terça-feira, abril 01, 2008

Último monólogo


Meus pensamentos só vieram pedir trégua
A esse amontoado de idéias
A essas lembranças que rasgam
A melodia que ficou para trás
Aos espelhos estilhaçados

Peço paz para um coração desmontado
Para um querer impertinente
Para um gostar desgovernado
E um sonhar inacabado

Quero espaço para juntar os pedaços
Consertar o que está errado
Ou enganar o que não posso mais

Preciso encontrar as chaves que
Tragam-me de volta para o portão principal
Não vou seguir as mesmas pegadas
Arrisco num salto inválido

Aqueles fantasmas me rondam
No cair da noite,
Quando a lua está cheia
Quando tudo se cala
Quando o silêncio se faz presente
Espreita e tortura o que já não posso mudar
Tento me afastar do reflexo aparente
Mas caiu na mesma corrente

Quebrei meu último escudo
Agora nada mais protege
A não ser o orgulho
Que insulta minhas vontades
E se mostra capataz
Dos meus sentimentos

Eu busco aquele sossego
Aquele que sabe cerrar meus olhos
Que cala a minha boca
Que me aquieta por dentro
E acalenta essa alma atormentada
Pelas coisas que não conhece
Mas que arrisca descobrir

Onde será que meu eu se escondeu
Correu tão longe
Que não consigo observar
Mais distante do que pude imaginar

Esse espaço aqui amedronta
Roubou a coerência das minhas palavras
E o meu código de ação
Onde busco a salvação?
Por qual caminho devo prosseguir?

Não vou mais ficar sentada
Olhando o mundo passar em vão
Então, adeus para quem fica,
Vou rumo ao que me espera
Sem me preocupar se encaixo
Ou não em seu conceito obsoleto

Por isso não me mostre essas emoções
Nem elas esperam me fazer companhia
Confio bem mais em minhas razões
Elas não me falham,
E nem confundem minhas aspirações

Agora minha concha se fechou
A tempestade sempre passa
E quando sair o sol
Não vou mais estar aqui para ver.


***

sexta-feira, março 28, 2008

Aquilo que soa irreal




Eu não buscava palavras
Não espera aplausos
Nem aquela aprovação
Porque procura resignação?

Só queria seus braços
Esperava seu olhar me tocando
O gosto da sua boca na minha
A sua pele roçando o que tem em mim
Aquele aconchego prometido

Não queria supor que seria mentira
Nem inventar que poderia passar em vão
Mas me calou sua decisão
Nem se perdoou a intenção

Aquele vazio passou por aqui outra vez
sem promessas de ficar
apenas veio me visitar
bati a porta em sua cara
não vou mais me fechar
Já calei tempo suficiente

Isso pode ser uma sentença
De morte
Ou de vida
Que seja
Agora tanto faz
O que importa é me encontrar
Em outro lugar que não seja este

Apenas não sei o quanto me resta
Se isso é pouco ou bastante
Talvez eu me perca nesses dilemas
Mas é bom lembrar que ainda
Posso extrair o melhor do pior

Já é tarde
E esses elos estão desatando
Preciso encontrar o caminho
Para me libertar
Não de você
Nem do mundo
Mas apenas de mim



***

quinta-feira, março 27, 2008

Olhos tristes




Aquela senhora tinha os olhos tão tristes e profundos que seria impossível não ser tocado por eles, não bastasse isso, aquele olhar distante que implorava ajuda.
Seria tão mais simples, se eu virasse as costas e seguisse meu caminho,
Tão mais fácil banalizar aquela situação que se tornou corriqueira e incrédula de soluções.
Mas eu, ai, eu não consegui fingir que não estava vendo e sentindo isso.
Era apenas uma mulher maltratada pela vida, cansada de sofrer, abandonado á sorte.
Sentei-me ao seu lado, e lhe dei o que podia no momento, minha companhia, ela me sorriu, provavelmente espantada por essa atitude, mas receptiva.
O sentimento de compaixão se apoderou da minha pessoa.
Sempre tive um carinho especial por crianças e idosos, dois estágios de idade que merecem total carinho e respeito.
Ela me perguntou se eu tinha avós, eu sorri e disse que ainda tinha.
E começou a contar passagens de sua vida.
Apenas atenção, era tudo que precisava, alguns sorrisos, e palavras que os façam se sentir vivos.
Perguntei-me, porque esse desprezo, a essas pessoas que nos deram a vida nos conduziram pelo caminho, algumas vezes acertaram outras não, mas passaram suas experiências e ensinamentos, o que recebem? Esse desprezo e frieza.
Rostos cansados, enrugados pelo tempo, e um coração nobre cheio de sabedoria, mãos que ainda se estendem sorrisos que ainda iluminam.
Uma alegria que se observa ao fundo, camuflada pela dor, mas que se abre a mais remota proximidade.
Os anos passaram e não os poupam da degradação, não a física, mas a moral.
Há sempre algo bom a aprender com eles, sempre encantador tê-los por perto.
Suas histórias e memórias, algumas vezes falhas pela idade avançada, mas não menos interessantes e ricas em detalhes.
Sim, ela tinha olhos tristes, mas muita afeição para distribuir.
Não contive as lágrimas, quando me disse que era um ser humano que trabalhou a vida toda e só merecia um pouco de respeito, triste por ser motivo de vergonha para os filhos.
Filhos esses que deveriam ter vergonha de si mesmo.
Oras onde estamos, precisa pedir respeito?
Por favor, eles merecem respeito e amparo.
Lembrei dos meus avós, das coisas que fizemos juntos e doeu ainda mais.
Então é dessa forma que se procede?
Somos jovens, belos e produtivos, o tempo leva nossa juventude e somos descartados como sapatos velhos por muitos, porque não servem para mais nada?
Revoltada com tanta falta de sensibilidade e indulgência, só espero que esses mesmos nunca envelheçam para não passarem por esse descaso.
Aprendi tanto com aquele senhorinha terna e risonha de olhos tristes e cansados,
com seus cabelos branquinhos, sua voz rouca e pausada, que agradeceu-me pelos minutos de atenção.
Hoje vim agradecer pelo momento único que pude compartilhar com ela, e deixar registrada minha admiração pelo desprendimento e resignação daquela mulher e de todos idosos.
Guerreira e tão fragilmente hostilizada.
Prefiro pensar que existam anjos com um pouco de humanidade que os ampare
de alguma forma, mesmo tendo a consciência da atual situação que muitos se encontram.
Situações que embargam minha voz e açoitam meu coração,
Deixam-me sem palavras para finalizar esse desabafo.

...

quarta-feira, março 26, 2008

O amor pode sangrar




Anoiteceu dentro de mim
Isso sangra baixinho
Coração dilacerado
Essas lágrimas não param de cair
esses soluços sufocam minha razão
não posso evitar essa dor
aqueles sonhos agora estão perdidos
a tempestade arrasta tudo pela frente
me carregou para bem longe
e não consigo voltar
não era pra sem assim
falta o chão,
falta o céu,
falta encontrar a direção
cadê aquela canção que você me recitava?
Cadê nossas juras de amor?
Cadê os planos que idealizamos?
Onde foi que erramos?
Em que momento mudamos de caminhos?
Como apagar a trilha sonora de uma vida?
Como deixar esquecer os melhores anos?
Como apagar os momentos especias?
Por que não para de machucar
Se sigo querendo ficar
Eu tentei,
Sempre fizemos dar certo
Alguma coisa se quebrou
E essa sensação de estar se soltando que paralisa
Só queria sorrir aqueles sorrisos de antes
E desejar com aquela loucura
Onde dormiu a paixão?
Seria bom se pudesse voltar no tempo
Eu não me arrependo
Apenas escolheria outras alternativas
Queria me encontrar novamente em você
Essa á angústia que assombra
Porque nossos olhares não se cruzam
Não sinto mais nossas mãos se tocarem
Cadê as batidas do meu coração
Para sempre tornou-se muito tempo
E esse fracasso é cruel
Quem sabe o tempo dê um jeito em tudo
E conserte nossos erros
Porque preciso daquela felicidade de antes
Para entender que tudo faz sentido
De repente os risos
Deu lugar ao pranto
E não secamos mais as lágrimas
Antes éramos nós
E aprender a conviver com o eu
É a parte mais difícil
Não é tão trágico aos olhos de muitos
Mas essa dor se torna física
De tantos pedaços que me encontro
Como juntar?
Por onde começar?
Para que caminho seguir?
E seus beijos
Como vou esquecer?
E você
O que será de nós?
Se o nós se foi?
Como apagar essas mágoas?
Como esquecer o que dissemos?
Como ser alheio a isso
Se isso é parte de nós?
Sobrou silêncio esta noite
A madrugada parecia não ter fim
Essa solidão cortou-me ao meio
E você por onde andará?
Porque minhas perguntas não encontram respostas?
Porque não conheço o certo e o errado?
Porque estar longe
Quando se quer estar junto?
Porque se ferir quando está junto
Se conhecemos as conseqüências?
Porque tento esvaziar esse sofrimento
Com palavras
Se nem há o que explicar?
Já não sou aquilo que era
Cadê o sol, a lua,
E aquela estrela que você me deu?
Não quero experimentar a saudade
Mas ela já está a me rodear
Me leve daqui
Porque não sei se vou suportar
Ouvir esse adeus
Pedindo para ficar
Minhas gargalhadas
Agora estão abafadas
Pelos gemidos
Então eu vim aqui
para fazer um poema de amor
Mas só consegui
Falar de dor
Essa hora é insuportável
ter recolher o que ficou
arrancar você de mim
sem saber por onde começar
então me deixe aqui sozinha
que preciso encontrar as forças
E tentar recomeçar
Então olho para os lados
e pergunto
quem apagou as luzes?


***

terça-feira, março 25, 2008

Paciência tem limite!!!



Aquele ranço de arrogância me embrulhou o estômago, e logo no final do dia, já estava acometida pelo cansaço e o tédio me rodeava.
Mal atravessou a porta e queria ser notado(admiro pessoas autênticas e impetuosas), mas aquela presença era insuportavelmente irritante.
Qual a intenção de se portar com tanta presunção?
Detentor da verdade absoluta? Qual verdade? A dele só se for, porque todos torciam o nariz.
Não sou juíza de valores, nem tão pouco pretendo ser, mas o que me motiva a escrever, é a inclinação que algumas pessoas têm em contaminar o ambiente por onde adentram com uma facilidade incontestável.
Todos os olhares cruzaram-se naquele momento, como que uma sinfonia de pesar, a notória presença desconcentrou o recinto.
Não cumprimentou os funcionários, muito pelo contrário, destratou um deles, mal se dirigiu aos presentes, e sua postura era tão imperiosa como seu modo de agir.
As horas teimaram em passar. A atmosfera já havia tornado-se densa.
Se não fosse pela consideração e pela necessidade de estar ali, já teria me retirado.
Um ruído abrupto, novamente me roubou a concentração.
Não, pelo amor do Deus, não venha em minha direção.
Como se pudesse fazer algo. Fixei o olhar no livro que nem sabia mais o que estava lendo.
Aquela frase de muito mau gosto me fez respirar profundamente,
- vou me sentar aqui!
Assim sem mais nem menos.
O que ele pensa que é?
A essas alturas era tudo o que menos precisava, e a minha resposta foi automática.
Não, por favor, tem outros lugares aqui, prefiro permanecer sozinha.
E de novo aquele tom enojado roubou a cena,
- mas não estou pedindo sua permissão, estou dizendo que irei sentar.
Essa definitivamente foi demais, nem precisa dizer que cordialidade e boa educação, têm limites, não é mesmo. O meu havia se esgotado naquele minuto.
A autora dos ruídos agora era eu mesma, importunando o silêncio a minha volta e isso me contrariou ainda mais.
Dessa vez nem contei até três, levantei imediatamente, recolhi minhas coisas, peguei minha bolsa e segui em direção ao balcão para entregar os livros.
Eis que aquela voz terrivelmente azucrinante me fez engolir seco, quando ouvi:
- ei, onde pensa que você vai? Não terminei de falar com você!
Deus dê-me paciência, porque não vou me controlar.
Continuei andando até a porta de saída, até sentir um solavanco puxando-me para trás.
Instintiva foi minha reação:
- o que é isso? Faça o favor de soltar o meu braço agora e não vou repetir.
Minha nossa, os olhares agora eram todos para mim.
Ironicamente logo eu, que odeio chamar atenção, agora era o centro das atenções.
Algumas pessoas que estavam por perto se levantaram e vieram até mim, como se dissessem, precisa de ajuda?
Fiz com a cabeça que estava tudo bem, mas eles permaneceram ali.
Agora sim eu estava profundamente irritada e já não fiz mais uso da educação quando disse:
- Nunca mais, dirija-se a mim dessa maneira, não o conheço e nem faço gosto em conhecer, saia da minha frente que quero passar.
Sai sem ao menos olhar para trás.
Naquele instante tudo que queria era respirar ar puro e ficar sozinha.
Estava tomada de raiva. E odeio sentir isso.
Andei tão rápido que nem consegui me situar.
Experimentei um sentimento desagradável, no qual ainda sinto o gosto amargo.
Sou muito condescendente, mas tem coisas que fogem ao nosso controle.
Fiquei pensando se me faltava mesmo o equilíbrio, ou se agi apenas como qualquer humano faria.
E acabei percebendo o quanto a arrogância usada de maneira inadequada é um instrumento destrutivo.
Quem a tem em níveis elevados, se acha no direito de controlar e se impor no direito do outro.
Sinceramente espero nunca mais ter que cruzar com aquele personagem grotesco.
Penso que nosso papel como ser humano é cativar bons sentimentos e acumular experiências positivas e assim repassá-las, mas com toda certeza algumas pessoas nem sabem o que isso significa.

quinta-feira, março 20, 2008

Fase de transição



Me deu vontade de postar alguma coisa que estivesse sentindo realmente, mas não somente nesse breve espaço de tempo, há algum tempo já. Percebi o quanto minha vida tem tomado rumos diferentes, e como meus sentimentos e atitudes estão em fase de transição, de auto-conhecimento. Queria escrever sobre assuntos relevantes e interessantes, mas só consigo direcionar o foco ao meu umbigo. Egocêntrico isso não é mesmo. Tenho tido rompantes de egoísmo, coisa que nunca me permitir experimentar, já que antes sempre estava mais preocupada com os outros do que comigo mesma. Provavelmente usava esse artifício para descentralizar do mais importante, meu crescimento como pessoa, e o medo de descobrir as verdades, as “minhas verdades”, essas que ás vezes confunde e até chocam, mas que são parte do meu todo, e não há como me desvencilhar disso. Eu aprendi que só se aprende errando, e isso me tirou do sério, porque eu não me permitia errar, até parece né. Porque ser dessa forma?Tropeçar, cair, se machucar, cuidar das feridas até elas cicatrizarem, depois sacudir, levantar e retomar o caminho. Processo doloroso, mas inevitável. Buscando um equilíbrio dentro do meu próprio universo, tem sido uma procura constante, me deparei com eu mesma, e isso amedronta. Esse confronto com o que se é e o que se espera e pretende ser é complicado. Todos em algum momento do caminho percebem que as mudanças se fazem necessária, e essas de certa forma mais complexas do que o esperado. Mas essa sensação de estar experimentando as mudanças lentamente, em doses homeopáticas, e cada qual em sua maneira peculiar de enxergar e encarar os fatos. Despi-me da hipocrisia tempos atrás, que vem acompanhada dos pré-conceitos altamente corrosivos, o que não foi um processo fácil confesso, mas que precisava vencer. Essa ânsia de encontrar meu eixo (um amigo disse-me que saiu do eixo pelo menos uma vez por mês), acho que muito provavel até mais vezes, estou na busca de reequilibrar esse eixo interno. Será que conseguirei essa proeza? Viver é sempre fazer escolhas, optar pelo que julgamos no momento ser o mais conveniente, e toda escolha resulta em alguma renuncia, o “X” da questão é justamente esse, avaliar os prós e contras, porque essas decisões não vem com manual de instrução, mas é preciso arriscar e assumir certos riscos. Provavelmente meu raciocínio esteja limitado, e eu esteja andando em círculos, talvez aí esteja a razão de querer escrever algo, para ver se consigo avançar e encontrar possíveis respostas. Li em algum artigo sobre mapear nossas percepções, olha é um exercício extenuante e constante, mas possível de ser realizado e até coerente em certos aspectos. Tenho praticado. Equilibrar o que temos de melhor com a diminuição do que nos pesa, era exatamente isso que falava o artigo. Conhecer as qualidades e perceber com mais objetividade os defeitos e pontos frágeis, com isso encontrando sentimentos e possibilidades novas de se descobrir e isso é fascinante, porque outras coisas em torno do que somos vão sutilmente se modificando, e é dessa adaptação que estou tentando escrever desde o início. A capacidade que o ser humano tem de se ajustar em novos modelos, em se permitir mudar e experimentar novos desafios é incrível e surpreende. Essa flexibilidade aflora mais em uns que em outros. E os medos são aliados para estimular esse desenvolvimento, é a partir dele que nos posicionamos diante dos fatos. Queremos sempre estar certos de tudo que nos propusermos a realizar, e a única coisa que sabemos é que convivemos com o oposto a incerteza, não existem verdades absolutas, depende do ângulo que é visto, o que também é muito relativo, surgem então os conflitos e como solucioná-los. O interessante disso tudo é saber misturar todos esses sentimentos e teorias, e ver o que acontece na prática, tentar incorporar o bom senso, a intuição as nossas necessidades e anseios. Refletir sobre os passos que avançamos ou recuamos, nos aceitar e compreender que a evolução é uma busca interna, não há como se projetar em outra pessoa. Ser sempre o mais honesto consigo mesmo antes de qualquer coisa, sair da concha vez ou outra para espiar o fluxo do mundo, se permitir tudo que é possível e não se cobrar se os erros fizerem companhia nesse descobrir diário, faz parte do aprendizado, o importante é não ferir o direito do outro, respeitar nossos limites e porque não ultrapassa-los??? A melhor parte de nós é quando nos descobrimos possíveis de coisas inimagináveis e nos consentimos ser o que somos, imperfeitos seres humanos.
...


* contuto, estou buscando encontrar o melhor que posso ser *