sábado, novembro 22, 2008

Violência infantil: A culpa é de quem?





Em tentativa de escrever sobre violência, nas primeiras premissas já me sentia exaurida de tantos fatos e casos desagradáveis de se recordar, mas infelizmente tão necessário para uma profunda reflexão, inevitável falar sobre o tema e não mergulhar em uma dor descomunal.
O tema violência é tão extenso que qualquer um poderia ficar questionando, exemplificando e justificando por horas, dias afim (assim em tom de “gerundismo” mesmo).
Mas o foco seria uma violência específica, que vem se alastrando feito uma nuvem de pragas.
A taxa de violência infantil tem atingido altos picos nos índices mundiais, uma proporção absurda de relapso e desamor.
Uma pesquisa do Departamento de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto indicou que os números de casos de violência são maiores que as estatísticas divulgadas por órgãos oficiais e atinge todas as camadas sociais sem distinção.
Muitos dos episódios de agressões não são denunciados e não chegam ao conhecimento das autoridades competentes, alguns casos são praticados por parentes e conhecidos o que denegri ainda mais a constituição chamada “família”.
Os casos que chegam ao conhecimento público, através da mídia e órgãos especializados são uma parcela de tantos outros que são abafados por lágrimas, covardia, medo e não refletem a realidade dos acontecimentos.
Abuso infantil é abominável, inaceitável e não deveria nem ser motivo de discussões e busca de soluções.
É dever dos adultos e responsáveis por cada criança cuidar, educar, proteger, amparar e dar segurança em quaisquer circunstâncias adversas, mas na prática o contexto é bem diferente do que consta nos estatutos e deveres morais.
O perigo às vezes mora mais perto do que se pode imaginar.
Todas as formas de abusos são intoleráveis, maltratos de todos os gêneros, seja ele físico, sexual, psicológico ou emocional o que caracteriza a negligência do adulto que tem a obrigação de zelar pelo bem-estar e integridade de suas crianças.
Mas e quando a ameça vem do desconhecido?
Como manter a sanidade quando algo acontece a essas crianças?
E como conviver com a impunidade?
São perguntas que não se tem respostas, pelo menos ainda.
É tão deprimente ver o futuro de uma nação ser submetido aos mais diversos crimes e descasos.
Diariamente são esfregados em nossas caras, acontecimentos inexplicáveis, tragédias e mais tragédias ceifam as esperanças e a vida de crianças que não pediram para existir e mereciam a garantia de um futuro seguro.
Crescer, brincar, estudar, fantasiar, sorrir, desejar é tudo o que eles esperam , e não serem arrancados do mundo que fazem parte com brutalidade, roubados de um futuro de possibilidades sem ao menos terem escolhas.
Onde vamos parar com tanta desgraça batendo em nossas portas?
Prisioneiros nos próprios lares, escolas, trabalhos...
Definitivamente o mundo está de cabeça para baixo, os valores se perdem nas esquinas da vida, os conceitos de virtudes são uma utopia, vivemos na era de uma geração destrutiva.
Contaminados de crueldade por todos os lados que se olha, de onde menos se espera, da forma que menos se imagina.
Crianças são atiradas de janelas como se fossem coisas, abandonadas em lixeiras, sarjetas, lagoas como objetos descartáveis, esganadas por mãos que deveriam proteger, massacradas sem piedade, assassinadas como animais no abate, envenenadas como ervas nocivas, queimadas como materiais tóxicos, violentadas e estupradas por monstros que se denominam seres humanos, humilhadas e subjugadas pelas mais diversas situações, onde tudo que esperam é carinho e acolhimento.
Todos os limites estão sendo ultrapassados, perdeu-se o respeito pela vida, compaixão, amor, crenças e todas essas virtudes que se luta para preservar em um ser humano.
A incredulidade se faz presente até que se prove o contrário.
Denunciar sempre, não feche os olhos, não tampe os ouvidos, não vire as costas, não se finja de desentendido, não aceite, não compactue de crimes que devastam milhões de vidas que dependem de nós.
Acorde, antes que seja tarde demais.
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