Lume.
A dança da chama,
bailarina esguia.
Pele.
Aceso toque da noite
leve invisível.
Ante percebe-se
a flauta do fauno
invadindo a sala.
boca percorre
palavras de veludo
sorvidas aos tragos.
Sabe-se nada...
a alma é tomada
e tudo é momento.
Agora.
a noite é hora
neste aposento.
Toca o pêlo
entumescimento
das pontas.
Lambe a aurada
da divindade
vaga.
Penumbra.
Chama do fogo,
lenho de carne.
Inebriam-se os lábios.
Frêmito.
Espírito absorvente da noite.
Cabelos
dedos em novelos
nebulosas e redondilhas.
Ilhas.
Crespos.
Águas.
Deitam-se a verter
ao sabor do nascituro,
eremita de fogo.
Gomo de fibras.
Lábio sorve a sede
da água que verte.
Um vaso aberto,
gardênia em chamas,
carmesim do fogo.
Ponto de fêmea.
Ambiente.
Atmosfera.
Hálito.
Perfume.
Máscara.
Sangue em pele marfim.
Cambraias
Cambraias
abertas em pernas de mulher.
Heliocêntricos
raios olhos
fixos no nada.
Músculos tesos.
Úmida.
Tépida.
Abre-se a porta.
Rude o peregrino
chega e faz morada.
Língua molhada
ao encontro de alvéolos e esponjas.
Água salgada
maresia de fêmea
Sede de nervos
e músculos a forçar entranhas.
Brumas sangüíneas,
cama de ferro.
Fêmea de pernas escancaradas.
Cortina de gaze.
Vento marítimo.
Odor de dentro.
Envolvente
o prazer da mulher deitada.
Faze de mim o tempo.
O simples pulsar dentro de ti.
Anjo, te faço fêmea.
Mulher, te faço anjo.
Faço-te gozo.
O gozo de meu sangue
é o leite que te serve.
Nas águas de tua fonte
afogas a minha sede.
A língua percorre um fio
A língua percorre um fio
na topografia
de montes e vales.
A fêmea é terra latente
na eterna
espera da semente.
Penumbra do quarto
olhos da noite.
Como me achas?
Como me vês?
Como sabes trazer-me
pra dentro de ti?
O vinho.
A noite.
O silêncio.
Nada além das janelas
Nem mesmo horizontes existem
num quarto de casal.
Deposito em ti a minha
Eternidade.
Sou teu amante.
E deito em ti
minhas surpresas
em formade farsas adocicadas.
Quando dormes – e acordo
com teus gemidos – persigo teu gozo
com meu pensamento .
Vejo-te outra,
longe de mim,
a se espargir no éter.
Teu corpo é belo
tua mente, insana
quando deitas na cama
e te cobres de pétalas.
A alma da mulher
se esconde num beijo.
(C.Alex Fagundes)
(C.Alex Fagundes)
* Música (Runaway - The Corrs)
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