quinta-feira, janeiro 31, 2008

Face do desejo ...



Lume.

A dança da chama,

bailarina esguia.

Pele.

Aceso toque da noite

leve invisível.

Ante percebe-se

a flauta do fauno

invadindo a sala.

boca percorre

palavras de veludo

sorvidas aos tragos.

Sabe-se nada...

a alma é tomada

e tudo é momento.

Agora.

a noite é hora

neste aposento.

Toca o pêlo

entumescimento

das pontas.

Lambe a aurada

da divindade

vaga.

Penumbra.

Chama do fogo,

lenho de carne.

Inebriam-se os lábios.

Frêmito.

Espírito absorvente da noite.

Cabelos

dedos em novelos

nebulosas e redondilhas.

Ilhas.

Crespos.

Águas.

Deitam-se a verter

ao sabor do nascituro,

eremita de fogo.

Gomo de fibras.

Lábio sorve a sede

da água que verte.

Um vaso aberto,

gardênia em chamas,

carmesim do fogo.

Ponto de fêmea.

Ambiente.

Atmosfera.

Hálito.

Perfume.

Máscara.

Sangue em pele marfim.
Cambraias

abertas em pernas de mulher.

Heliocêntricos

raios olhos

fixos no nada.

Músculos tesos.

Úmida.

Tépida.

Abre-se a porta.

Rude o peregrino

chega e faz morada.

Língua molhada

ao encontro de alvéolos e esponjas.

Água salgada

maresia de fêmea

Sede de nervos

e músculos a forçar entranhas.

Brumas sangüíneas,

cama de ferro.

Fêmea de pernas escancaradas.

Cortina de gaze.

Vento marítimo.

Odor de dentro.

Envolvente

o prazer da mulher deitada.

Faze de mim o tempo.

O simples pulsar dentro de ti.

Anjo, te faço fêmea.

Mulher, te faço anjo.

Faço-te gozo.

O gozo de meu sangue

é o leite que te serve.

Nas águas de tua fonte

afogas a minha sede.
A língua percorre um fio

na topografia

de montes e vales.

A fêmea é terra latente

na eterna

espera da semente.

Penumbra do quarto

olhos da noite.

Como me achas?

Como me vês?

Como sabes trazer-me

pra dentro de ti?

O vinho.

A noite.

O silêncio.

Nada além das janelas

Nem mesmo horizontes existem

num quarto de casal.

Deposito em ti a minha

Eternidade.

Sou teu amante.

E deito em ti

minhas surpresas

em formade farsas adocicadas.

Quando dormes – e acordo

com teus gemidos – persigo teu gozo

com meu pensamento .

Vejo-te outra,

longe de mim,

a se espargir no éter.

Teu corpo é belo

tua mente, insana

quando deitas na cama

e te cobres de pétalas.

A alma da mulher

se esconde num beijo.

(C.Alex Fagundes)
* Música (Runaway - The Corrs)

Nenhum comentário: