terça-feira, março 25, 2008

Paciência tem limite!!!



Aquele ranço de arrogância me embrulhou o estômago, e logo no final do dia, já estava acometida pelo cansaço e o tédio me rodeava.
Mal atravessou a porta e queria ser notado(admiro pessoas autênticas e impetuosas), mas aquela presença era insuportavelmente irritante.
Qual a intenção de se portar com tanta presunção?
Detentor da verdade absoluta? Qual verdade? A dele só se for, porque todos torciam o nariz.
Não sou juíza de valores, nem tão pouco pretendo ser, mas o que me motiva a escrever, é a inclinação que algumas pessoas têm em contaminar o ambiente por onde adentram com uma facilidade incontestável.
Todos os olhares cruzaram-se naquele momento, como que uma sinfonia de pesar, a notória presença desconcentrou o recinto.
Não cumprimentou os funcionários, muito pelo contrário, destratou um deles, mal se dirigiu aos presentes, e sua postura era tão imperiosa como seu modo de agir.
As horas teimaram em passar. A atmosfera já havia tornado-se densa.
Se não fosse pela consideração e pela necessidade de estar ali, já teria me retirado.
Um ruído abrupto, novamente me roubou a concentração.
Não, pelo amor do Deus, não venha em minha direção.
Como se pudesse fazer algo. Fixei o olhar no livro que nem sabia mais o que estava lendo.
Aquela frase de muito mau gosto me fez respirar profundamente,
- vou me sentar aqui!
Assim sem mais nem menos.
O que ele pensa que é?
A essas alturas era tudo o que menos precisava, e a minha resposta foi automática.
Não, por favor, tem outros lugares aqui, prefiro permanecer sozinha.
E de novo aquele tom enojado roubou a cena,
- mas não estou pedindo sua permissão, estou dizendo que irei sentar.
Essa definitivamente foi demais, nem precisa dizer que cordialidade e boa educação, têm limites, não é mesmo. O meu havia se esgotado naquele minuto.
A autora dos ruídos agora era eu mesma, importunando o silêncio a minha volta e isso me contrariou ainda mais.
Dessa vez nem contei até três, levantei imediatamente, recolhi minhas coisas, peguei minha bolsa e segui em direção ao balcão para entregar os livros.
Eis que aquela voz terrivelmente azucrinante me fez engolir seco, quando ouvi:
- ei, onde pensa que você vai? Não terminei de falar com você!
Deus dê-me paciência, porque não vou me controlar.
Continuei andando até a porta de saída, até sentir um solavanco puxando-me para trás.
Instintiva foi minha reação:
- o que é isso? Faça o favor de soltar o meu braço agora e não vou repetir.
Minha nossa, os olhares agora eram todos para mim.
Ironicamente logo eu, que odeio chamar atenção, agora era o centro das atenções.
Algumas pessoas que estavam por perto se levantaram e vieram até mim, como se dissessem, precisa de ajuda?
Fiz com a cabeça que estava tudo bem, mas eles permaneceram ali.
Agora sim eu estava profundamente irritada e já não fiz mais uso da educação quando disse:
- Nunca mais, dirija-se a mim dessa maneira, não o conheço e nem faço gosto em conhecer, saia da minha frente que quero passar.
Sai sem ao menos olhar para trás.
Naquele instante tudo que queria era respirar ar puro e ficar sozinha.
Estava tomada de raiva. E odeio sentir isso.
Andei tão rápido que nem consegui me situar.
Experimentei um sentimento desagradável, no qual ainda sinto o gosto amargo.
Sou muito condescendente, mas tem coisas que fogem ao nosso controle.
Fiquei pensando se me faltava mesmo o equilíbrio, ou se agi apenas como qualquer humano faria.
E acabei percebendo o quanto a arrogância usada de maneira inadequada é um instrumento destrutivo.
Quem a tem em níveis elevados, se acha no direito de controlar e se impor no direito do outro.
Sinceramente espero nunca mais ter que cruzar com aquele personagem grotesco.
Penso que nosso papel como ser humano é cativar bons sentimentos e acumular experiências positivas e assim repassá-las, mas com toda certeza algumas pessoas nem sabem o que isso significa.

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